A procuradoria-geral da Venezuela prendeu na terça-feira (9) o ex-chefe do petróleo do país, Tareck El Aissami, antigo homem de confiança do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e de seu antecessor, Hugo Chávez. Ele foi detido acusado de um esquema milionário de corrupção de venda de petróleo através de criptomoedas.
As informações são da agência de notícias France Presse, que destaca ainda que em março do ano passado, quando El Aissami ainda era ministro do Petróleo, Maduro já havia determinado a investigação de um esquema de corrupção envolvendo venda de petróleo por criptoativos na empresa estatal PDVSA.
Com isso, ele renunciou ao cargo e desapareceu da vida pública. El Aissami é acusado de traição, lavagem de dinheiro, conspiração e desvio de fundos públicos.
“Conseguimos revelar a participação direta e a consequente detenção [de El Aissami] para ser apresentado e formalmente acusado pelo Ministério Público nas próximas horas”, disse procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab.
O procurador também anunciou a captura de Simón Alejandro Zerpa, ex-ministro da Economia, e Samark López, acusado de lavagem de dinheiro e capitais.
Como funcionava o esquema
A venda de petróleo por meio de criptoativos foi uma aposta do governo de Hugo Chávez para tentar contornar as sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela.
No entanto, executivos da PDVSA fizeram operações ilegais e desviaram dinheiro da empresa. Eles começaram a ter controle direto do envio de petróleo cru e não depositavam o dinheiro das vendas no Banco Central do país. Além disso, também passaram a especular com o câmbio.
Segundo informações da imprensa venezuelana, o esquema teria desviado pelo menos US$ 15 bilhões.
O procurador-geral afirmou que a prisão do ex-ministro só ocorreu por conta da delação de cinco testemunhas. Segundo ele, elas disseram que os funcionários presos faziam “vendas [de produtos da PDVSA e mineração] abaixo do valor de mercado”, com “gestão arbitrária e criminosa dos fundos obtidos”.
As testemunhas revelaram ainda a “cobrança de comissões em todo o processo de comercialização, bem como o pedido de propina para garantir acesso aos contratos”. Saab os vinculou também a “uma rede de prostituição” de “jovens de nacionalidade venezuelana e estrangeiras”.
Na primeira etapa da investigação, há um ano, foram presos 61 funcionários, políticos e empresários do país. Agora os ex-ministros da Economia e Petróleo foram detidos.
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